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Com a chegada do Carnaval, esse feriado tão convidativo quanto controverso, é possível traçar um paralelo para refletir sobre Compliance. Desde que o compliance passou a se tornar parte da cultura das empresas, como algo desejável ou até mesmo obrigatório, também foram surgindo programas no mercado que visam apenas atender a essa necessidade de fachada, como o “compliance light”, por exemplo.

Esses programas tratam muito mais de passar uma imagem positiva das organizações do que de fato mudar o comportamento e a cultura das mesmas. Imagine a seguinte situação. Várias empresas desfilam em seus bloquinhos de carnaval, com todos os excessos que sabemos acontecer nesse feriado, onde tudo é permitido e não há nada ilegal ou imoral. Chega à quarta-feira de cinzas e elas publicam uma carta
de compromisso ou um código de ética condenando todas aquelas atitudes que elas mesmas tomaram durante os quatro dias de festa, assumindo a responsabilidade de agir de forma ética e moral.

Isso adianta? Isso transformaria a conduta dessas empresas em uma conduta verdadeiramente ética ou apenas seria uma decisão paliativa para tentar camuflar ou apagar todas aquelas atitudes que foram tomadas quando tudo era permitido? Chega ao próximo carnaval onde tudo é liberado e você verá essas empresas adotando os mesmos princípios amorais ou antiéticos por pensarem que ninguém está percebendo aquilo, que o consumidor final, o governo ou os parceiros não vão perceber aqueles desvios de conduta.

Esse seria o Compliance de fachada, onde não há respeito ao que é ético lícito ou legal, mas apenas se segue um fluxo de modismo para parecer estar em conformidade. O verdadeiro compliance vai muito além da percepção de outrem. Ele se trata de uma verdadeira revolução em nossa sociedade e no ambiente empresarial. Compliance é a busca por fazer o que é certo verdadeiramente, tornar o discurso uma prática diária e efetiva, respeitar as leis, as normas, as pessoas, os ambientes, o social, o coletivo, o indivíduo na sociedade. Por isso, não basta que seja feito de uma forma leviana e irresponsável.

Fazer Compliance exige comprometimento de todos os envolvidos nos processos das empresas, garantindo o respeito da origem à entrega de um serviço ou produto ao seu consumidor final.