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Por: Andrea Antinoro – Diretora da Selos Consultoria

Convido você,  junto comigo, a fazer uma reflexão sobre o contexto atual, onde tentam enquadrar a verdade em moldes que possuem a pretensão de classificar a ética em algumas categorias de verdades.
Imagine a xepa, e lá de longe você avistará um feirante tentando esgotar sua mercadoria. Ao retornar para casa, se sente mais leve, com o dever cumprido, podendo até bater no peito e dizer: hoje foi ótimo, até o tomate podre consegui vender. Essa cena seria o resultado de práticas efetivadas por um convite pouco antes da Xepa, onde esse feirante esboçava em alto e público tom:
– Vamos lá! Abra o cardápio e escolha que tipo de ética você quer usar ou comprar hoje…
– Quais eu recomendo? Veja bem… Para qual finalidade deseja esse ingrediente? Pretende consumir diretamente, ou imagina fazer algum prato para oferecer aos seus convidados? Ou quem sabe inserir numa vitrine maior, transformando-o em insumo para outros produtos?
– Se for para consumo próprio, recomendo a ética de raiz, de forma que seja disseminada efetivamente por seus atos, como num bom testemunho, capaz de contagiar e motivar tantos outros a fazer igual a você. Essa é mais cara, mas tem qualidade.
– Se for para seus convidados, sugiro então a ética de caixinha, que não é lá essas coisas, mas fica parecendo que é de fato e assim, poderão até achar que estão consumindo a ética de raiz, pois apresenta tudo que esta última tem, contudo, assim como acontece com os produtos falsificados, esta não possui garantia ou origem.
– Mas se você precisa somente compor outros pratos, pode ser a ética aromática. Ela se parece com aquele pão de queijo cheiroso, que faz você imaginar e até salivar o queijo, mas quando o procura, descobre que era só o cheiro, entende? Ou como aquele produto defumado, que quando você começa a ler as entrelinhas de seu rótulo, descobre tratar-se apenas de fumaça, compreende? Essa é baratinha, te ajuda a fazer de conta sem gastar muito.
– Então, decidiu?? Qual vai querer?
Estamos vivendo atualmente um momento parecido com esse descrito acima, onde a crise não está na verdade, mas na forma como ela está sendo manipulada.
Com o efeito da Lei 12.846/2013, começamos a ouvir falar e ver movimentos que sinalizavam para uma ruptura cultural, onde a corrupção aparentemente acenava um adeus para dar espaço a um novo mundo, aquele onde as relações seriam de fato íntegras, os contratos lícitos, as técnicas um marco legal, o indivíduo, um disseminador da ética e integridade no seu meio profissional e social.
Assistimos de um lado o Estado falando sobre novas verdades, onde a ética precisa ser formatada em cláusulas contratuais, e de outro, Mercados leiloando programas tipo “Compliance Light”, para fazer cumprir a lei. Ora, seria cómico se não fosse trágico, entender que o que está em jogo não é a verdade nem a ética, mas um comportamento capitalizado pelo ganho a qualquer custo perdendo sua referência do certo e errado, do lícito e ilícito, do legal e ilegal, do conforme e da falta de conformidade, tornando esse frenesi algo de fato parecido com a Xepa, ou seja, aquele que gritar mais alto sai na frente e vende/compra tudo.
Estamos vivendo a crise da verdade, onde não se avalia mais parâmetros, apenas efeitos. Estamos vivendo o momento das fake news, onde mesmo não sabendo da origem das notícias, estas encontram seus disseminadores.
Estamos vivendo um momento Compliance, mas poucos percebem que viver Compliance, não é publicar uma carta de compromisso ou um código de ética.
Compliance é muito mais do que isso, é uma proposta para um novo modelo de governança do estado e do mercado privado.
Compliance não é a minha nem a sua verdade, mas um padrão com tendência para fazer o que é lícito, legal e moral. Compliance é mais que uma lei ou um modismo, mais que um programa ou uma cartilha, é um querer que motiva para fazer o melhor, a todo instante, garantindo o respeito da origem à entrega de um serviço ou produto ao seu consumidor final. É tornar o discurso uma pratica nos seus atos empresariais e comerciais. É respeitar as regras, as normas, as leis, as pessoas, os ambientes, o social, o coletivo, o urbano, o indivíduo na sociedade.
                                                          Compliance não é um selo, mas uma escolha. Faça a sua!